Exmo. Senhor
Presidente da República, Prof. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa
Exmo. Senhor primeiro-ministro,
Dr. António Costa
Não podemos
calar a nossa indignação e revolta perante a criminalidade incendiária que
destrói o país sem que o poder político, os responsáveis máximos pelo nosso
destino colectivo se resolvam acabar com esta tragédia.
As imagens das
enormes labaredas que transformam as nossas montanhas e florestas num inferno gigante
de brasas incandescentes provocam uma dor e uma angústia indiscritíveis a
qualquer português que se preze e que preze a sua terra. Cada dia que passa, o
trauma torna-se mais vivo. O país está doente e agonizante. Não podemos admitir
que o governo e o presidente da República mantenham uma atitude de indiferença
e de um certo desprezo perante esta enorme catástrofe. É uma destruição total
que vai demorar anos a recuperar, são prejuízos incalculáveis enquanto os
poderes do Estado parecem continuar impávidos e serenos como se nada fosse.
É preciso tomar
como ponto assente, axiomas indubitáveis, o seguinte:
1. Os fogos são, na quase totalidade, de origem
criminosa.
2. É urgente acabar com esta criminalidade.
3. Não podemos continuar reféns dos criminosos. Os
criminosos não podem ter a última palavra.
4. Exigimos da parte dos órgãos do poder do Estado
uma resposta firme e eficaz contra esta destruição criminosa do país.
Que confiança
podemos ter no governo quando a ministra da Administração Interna declara que
muitos incêndios (a maior parte) têm origem negligente e dá como exemplo o
cidadão que vai deixando cair as brasas do grelhador que transporta na sua
motoreta? Alguém acredita num disparate destes? Isto não é passar um atestado
de estupidez a todo o povo?
Que confiança
podemos ter no governo que não se empenha em investigar o crime incendiário porque
parte do princípio de que não há crime?
Que confiança
podemos ter no governo, neste e nos anteriores e em toda a classe política em
geral, se parecem ter receio de enfrentar o crime incendiário?
Porquê todo este
receio, este silêncio perante o crime incendiário? Terá o governo receio de que
também fique “queimado”? Estaremos perante uma poderosa rede organizada de
criminosos, bem conhecida do governo, e que por isso não tem coragem para
enfrentar porque tem medo de perder o mandato?
Admite-se que o
governo deixe arder o país para salvar a sua “pele”, se for esse o caso?
Que governo é
este que deixa que os criminosos destruam o país e “governem” poderosamente
pela maldade?
Como é possível
que haja chamas cada vez mais violentas que avançam com tanta velocidade pelos
montes e pelos vales como se tivessem um rastilho no solo? Onde foram parar as
armas e as munições obsoletas de Tancos? Terão, os criminosos, espalhado a
pólvora pelo mato?
É admissível que
o governo e o presidente da República não façam nada, não digam nada, não
tranquilizem os portugueses sobre esta enorme desgraça enquanto o país parece
um barril de pólvora ou um campo minado e armadilhado pronto a explodir?
Se todos os anos,
tal como actualmente, muitos autarcas têm manifestado a suspeição da origem
criminosa dos incêndios que destroem os seus concelhos, porque é que o governo
continua a desprezar esta realidade?
Porque é que
cada vez há mais incêndios, apesar de já terem sido presos quase uma centena de
alegados incendiários e todos os anos se tem repetido a mesma história?
Não acreditamos
que o senhor primeiro ministro e o senhor presidente da República não saibam
quem são os criminosos que pretendem que Portugal fique reduzido a escombros.
Esta situação é demasiado grave para ficarmos de braços cruzados e deixarmos
que nos matem. O ar já está irrespirável. Já foram eliminadas quase todas as
manchas verdes do país. O povo exige que o governo e o presidente da República
digam e esclareçam o país sobre quem lança os fogos. Exigimos que sejam
mobilizados todos os nossos recursos para acabar com esta chacina. É uma
prioridade nacional. Mais do que homenagear as vítimas do terrorismo é urgente
acabar com o terrorismo dos incêndios que devasta o nosso país, que já causou
muito mais vítimas e continua, ainda, a provocar a agonia de milhares de
portugueses que, sem os seus haveres se transformam em mortos-vivos. Não sei se
é uma rede organizada, se é um grupo terrorista ou se são incendiários por conta
própria, o que sei é que não podemos tolerar esta praga de incêndios que de dia
e de noite, de uma forma sistemática, nos está a asfixiar e a destruir os nossos
recursos naturais, as condições de vida, o ambiente, a fauna e a flora do país.
Basta! Basta! Basta! O povo exige respostas!