segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Funeral de Mário Soares

A dimensão exagerada do funeral e as honras de Estado prestadas a um cidadão que deveria ser considerado um igual entre os demais, num regime verdadeiramente democrático, configura um cenário do culto da personalidade característico de um grande líder, um grande ditador a fazer lembrar o nazismo e o fascismo ou o grande líder da Coreia do Norte. Não nego certas qualidades e um carisma para a política. Mas, afinal que qualidades extraordinárias lhe merecem tão grande honra se se aproveitou dos cofres cheios deixados por Salazar, chamou os amigos e banqueteou-se, deixando o país na bancarrota? Qualquer um faria boa figura distribuindo benesses que os outros cá deixaram. Que liberdade temos hoje se estamos escravizados pelos impostos, a juventude é forçada a emigrar se quer concretizar os seus projectos de vida, pagamos pesadas taxas de IMI que nos tiram todo o direito a viver na nossa própria terra, como cidadãos de pleno direito, pagamos impostos de circulação e portagens em SCUTS que deveriam ser de graça que nos impedem de viajar livremente pelo país?
Morreram emigrantes a caminho da Suíça. Estes portugueses não deveriam ter as mesmas honras de Estado? Por que razão estes portugueses foram procurar trabalho fora de Portugal?
Morreu um grande homem e médico, o Dr. Daniel Serrão. Por que razão este grande português não teve o direito às mesmas honras de Estado, um grande cientista, um especialista em ética médica e deontológica, um homem de valor muito superior a Mário Soares?

Publico pela primeira vez algumas quadras que escrevi aquando da campanha eleitoral às presidenciais de 2005 em que Mário Soares se candidatou mais uma vez.

Há um certo troca-tintas
Homem, já de certa idade,
Que já devia ter juízo,
Mas só diz barbaridade.

Este grande troca-tintas
Diz que prega a liberdade
Mas só gosta da confusão,
Nunca diz uma verdade.

Diz-se jovem, que faz fintas,
Que traz o bem para a cidade,
Mas nem sabe que o povo humilde
Vive em grande calamidade.

Dizia, em tempo já ido,
Quando inda era novato,
Que não devia ter partido
Para ser bom candidato.

Agora diz o contrário,
O povo já não o entende,
Com este novo formulário,
Enganar, é o que pretende.

Diz o povo e com razão:
“Quem muito fala pouco acerta”,
Mas ele não sabe o refrão,
Anda sempre de boca aberta!

Diz o povo noutro ditado:
“Ou entra mosca ou sai asneira”
Nunca se viu engasgado,
Pois foi forte e foi grosseira.

Diz que tem muita cultura,
Mas é um homem sem fé.
Sem a Luz que vem da Altura,
Nunca sabe o que a vida é.

Sempre foi cana agitada
Ao sabor da circunstância;
Mas fingiu muito empenhada
A sua falsa militância.

Nunca disse ideia nova,
Mas só ataque pessoal.
A forte injúria só prova
O quanto ele nada vale!

Diz só o que lhe convém,
É um grande oportunista.
Promete ouro, mas dá vintém,
Quer o povo miserabilista.

Diz que quer a liberdade,
Mas é um grande ditador:
O único dono da verdade,
Que o oposto não tem valor.

Logo após a Revolução
Fez parelha com Cunhal
Mas o povo disse que não
E logo trocou de avental.

Fez fortuna, velho jarreta
Por ser um vira casacas;
Promete muito mas é forreta,
E está cheio de patacas.

Quando chefe do governo
Foi ao Fundo Monetário
Para se sair do inferno
Do poder liquidatário.

Tirou muito valor ao escudo
Deu ao povo, só, ilusões
De ganhar mais que tudo
De entre todas as nações.

Mandou vir os retornados
Só com a roupa p’ra vestir;
Deixou-os abandonados,
Pô-los por aí a pedir.

É um simples ser vulgar,
Diz que vem só para ouvir;
Se não se põe a escutar,
Nunca se sabe decidir.

Com um sonoro refrão
Prometeu ser sempre fixe;
Mas, afinal, o cabrão
Só quer que o povo se lixe.

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