Aqueles que se
consideravam donos do 25 de Abril já atiraram a toalha ao chão, desistiram,
negaram-se a continuar. São a prova de que dos fracos não reza a História e que
o que fizeram foi um engano, um erro e um gesto puramente privado, em benefício
próprio, sem valor patriótico. Onde estão os “chamados ideais de Abril?” onde
estão as “conquistas de Abril?” Como é possível que os protagonistas deste acto
heroico não acreditem no que fizeram?
Que ideais eram
esses que depressa se apagaram? Que conquistas foram essas que depressa se
perderam? Que feitos heroicos ficarão para as gerações futuras se os seus
autores os desprezaram? Agora que esvaziaram os cofres de ouro, a pesada herança,
e surgiram as dificuldades, desertam como traidores?
Que democratas
são estes, cheios de privilégios e mordomias à custa do povo que foi enganado, traído
e abandonado e que deixaram na miséria? Onde está a prometida igualdade, o pão, a paz, a
saúde e a educação?
Há quem queira
acabar com feriados para vencer a crise, por que não acabar já com o 25 de
Abril se os seus promotores directos já não lhe dão valor nenhum, as
eleições são sempre uma vitória da abstenção e a classe política, incompetente, explora
o povo mais do que nunca?