segunda-feira, 14 de março de 2011

Golfe dos pobrezinhos

IVA a 6%
Não haja dúvida nenhuma de que esta medida de reduzir o IVA de 23 para 6% é justíssima. Quem frequenta os campos de golfe deste "jardim à beira mar plantado" são os trabalhadores que auferem o salário mínimo nacional, os reformados portugueses a quem foram congeladas as pensões de miséria, toda a "Geração à rasca" que trabalha a recibos verdes, etc., etc.
Por outro lado, quem nem sequer tem dinheiro para comer, nem irá precisar de comprar garrafas de gás quase ao dobro do preço de Espanha e com o IVA a 23% vendidas por uma empresa portuguesa que obtém, todos os anos, milhões de euros de lucro e onde os administradores auferem escandalosos  e milionários vencimentos. Chama-se a isto Justiça Social, um verdadeiro Estado Social.

Carta aberta ao senhor primeiro ministro

Senhor primeiro-ministro,
Dizia o nosso maior poeta que “um fraco rei faz a fraca a forte gente”. Tinha e tem toda a razão. Esta tão badalada crise que o senhor ignorou, negou e desvalorizou inúmeras vezes é o reflexo de opções políticas erradas, de facilitismo e de incompetência. Na minha opinião, V. Exa. é o maior responsável pela situação difícil em que nos encontramos e não vale a pena atirar as culpas para cima dos outros. A dívida soberana é o resultado de uma incompetência soberana.
Têm-nos chegado por estes dias imagens dramáticas do tsunami que devastou algumas zonas costeiras do Japão. O seu governo é um enorme terramoto, desde que entrou em funções, cujo tsunami tem destruído o país, talvez de forma imperceptível para alguns, mas que salta, agora, à vista de todos e se prolongará por muito mais tempo do que o que nos chega em imagens televisivas com a agravante de não ficar apenas pela periferia mas se entranhar por todo o lado devastando não só as vidas presentes mas também a dos que estão para nascer. A necessidade compulsiva de pedir dinheiro emprestado, quase diariamente, que eufemísticamente, lhe chamam agora “vender dívida”, é o diagnóstico mais grave do país quase em estado de coma, ligado às “máquinas” e aos “tubos de soro” dos mercados e dos países que vão injectando (emprestando) dinheiro para evitar a declaração de óbito. Economicamente perdemos a independência nacional, não existimos como nação. Fomos vendidos.
Com que cara nos vem pedir sacrifícios e austeridade quando ainda há tão pouco tempo prometia com toda a convicção, nas legislativas de 2009, no meio de risos e aplausos em ambiente festivo, “PS – Avançar Portugal”, “PS – Força e confiança”, “PS Determinação – Avançar Portugal” Já se esqueceu de todas estas promessas: Progressismo? Felicidade? Bem-estar? Benefícios, apoios, abonos? Estado social? Onde estão todas essas benesses?
Basta! O senhor primeiro-ministro não tem condições para continuar. Demita-se! Obviamente! O povo tem o direito e o dever de exigir todas as responsabilidades a V. Exa. Não fuja às responsabilidades e não fuja do país. O povo exige também que sejam esclarecidos todos os “casos” a que o seu nome está ligado: “Freeport”; “Face Oculta”, etc. Se todos os operadores da Justiça são competentes e cumprem legalmente as suas funções, houve quem tivesse lançado alertas de que V. Exa. poderia ter praticado actos de corrupção no caso “Freeport” e “um atentado contra o Estado de Direito” no caso “Face Oculta”. Se se confirmar que V. Exa. praticou corrupção como é que um primeiro-ministro, nesta situação, poderá ter capacidade de tirar o país desta enorme crise, honestamente? Não será esta enorme crise um enorme prolongamento das ilegalidades que terão vindo já desde o início? Poderá um determinado cidadão ser, alegadamente, corrupto do ponto de vista pessoal e irrepreensivelmente honesto como primeiro-ministro?
Assistimos, neste últimos anos, a uma autêntica gestão danosa e criminosa dos destinos deste país. O povo exige responsabilidades. As sucessivas medidas de austeridade são um roubo institucionalizado ao povo trabalhador e uma asfixia do país cada vez mais fraco. Estes sucessivos PECs mais parecem uma autêntica vigarice oficializada, um grave atentado contra a Justiça Social em Pacotes de Endividamento Contínuo, num País em Estado de Coma. Só a máquina partidária do PS que está instalada em todo o aparelho de Estado não sente a crise, não sofre sacrifícios e não sente a destruição do país, negando os discursos da desgraça e do país à rasca. Parece que as benesses foram só para alguns.
Enquanto o senhor primeiro-ministro não se demite ou ninguém o faz por si, não faça nada, não saia de casa e fique quietinho porque cada passo que dá é mais um passo para o empobrecimento do país já que só em Outubro de 2010, segundo a revista “Sábado”, as despesas do seu Gabinete foram superiores a onze mil euros. Bem vistas as coisas, se V. Exa. for considerado prejudicial ao país, “persona non grata” o senhor não terá feito mais nada do que comer, beber e passear, faustosamente, à custa do povo.
É importante reduzir o défice, mas a crise soberana não se resolverá enquanto não for respeitada a dignidade humana. Nada é mais importante num país do que as pessoas. Se num campo de milho, mais de metade das plantas morrerem, o agricultor não poderá sobreviver. Valemos mais do que o milho. Mas enquanto houver mais abortos do que nascimentos nas maternidades, o país não terá futuro e a crise continuará. Defende-se hoje mais uma ave de rapina ou uma planta em vias de extinção do que o próprio homem neste país governado por V. Exa. Há regiões despovoadas onde uma criança é uma raridade. O futuro está hipotecado.
V. Exa. desculpa-se com a crise internacional. Mas quem é que decidiu investir em obras megalómanas descontroladamente? Não é preciso ser sábio, basta um pouco de bom senso para reprovar toda esta política assassina que conduziu Portugal à ruína. Qualquer cidadão de bom senso sabe que não pode gastar mais do que o que ganha. O povo diz que “não se pode dar o passo maior do que a perna”.
Apesar de vivermos no séc. XXI, rodeados de grande evolução científica e tecnológica que nos permitiria viver com todas as facilidades e sem preocupações o que o governo de V. Exa. e toda a política socialista nos oferecem é precisamente o contrário: crise, desemprego, dificuldades, privações, cortes de toda a ordem, aumentos insuportáveis do custo de vida e dos bens de primeira necessidade, geração rasca, geração à rasca, geração “casinha dos pais”, geração adiada, geração sem remuneração, etc.