quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Democracia ou ditadura?

A crise e o pensamento único
Acabou-se o pluralismo, a diversidade e a divergência de opiniões. Em relação ao Orçamento de Estado todos os comentadores, em geral, e a maior parte dos políticos, principalmente do partido do governo afirmam que o Orçamento é mau mas não há outro remédio, vai doer, que os sacrifícios não são insuportáveis para os portugueses, etc., etc.
A crise fez-nos entrar no regime do pensamento único. Quer seja a direita, quer a esquerda, toda a gente concorda que o futuro não vai ser um mar de rosas e que temos que aceitar medidas duras e dolorosas.
Perante esta situação há que perguntar:
Como é que foi possível chegar a esta situação?
Quem são os responsáveis?
O que fizeram, durante tantos anos, centenas de deputados, ministros, secretários, sub-secretários e toda a restante classe político-partidária a quem o país pagou para bem conduzir os destinos do povo?
Como é que, no século XXI, num estado actual de enorme desenvolvimento da ciência, da cultura e do conhecimento em geral, a classe política seja tão incompetente e que não saiba gerir eficazmente um país, um povo e uma pátria?
O fracasso a que estamos condenados, que nos conduz a um beco sem saída ou em que a única saída é a austeridade sustentada num pensamento único, atesta a inutilidade de toda a classe política.
Porque é que havemos de estar a pagar a duzentos ou a trezentos deputados, se um só é suficiente para dizer que o futuro é austero e difícil e que o caminho é só um? É inútil e desnecessário estarmos a pagar a trezentos políticos se um só pode defender a mesma opinião.
A democracia deu lugar à ditadura da incompetência, da austeridade e da penúria. Num cenário de fome e de miséria onde as necessidades mais básicas que sustentam a vida são reprimidas, a segurança, a saúde, a habitação etc., onde estão os direitos fundamentais de uma democracia? Se o país não tem recursos e se para existir tem que estar, economicamente, dependente de quem lhe empresta dinheiro, onde está a soberania? Pode a autonomia política existir sem uma autonomia económica?