sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Avaliação dos professores?

“Gato por lebre”

“Vender gato por lebre” é uma expressão popular que toda a gente conhece e que se pode aplicar nas mais diversas situações. Os professores não podem permitir que o governo queira “vender gato por lebre” na questão da avaliação dos professores. As cedências anunciadas pelo Ministério da Educação não são mais do que operações de cosmética temporária para iludir a opinião pública, para que esta se revolte contra a justa luta dos professores. Ao anunciar que a avaliação irá incidir apenas sobre a organização da escola deixando como facultativa a componente científica e pedagógica significa que se exige, fundamentalmente, aos professores que façam o que faz um pastor que mantém todas ovelhas em ordem, no redil, sem esquecer as que, frequentemente, andam tresmalhadas. O que interessa é combater a indisciplina, de ano para ano mais insuportável, colocando em segundo lugar a aprendizagem.
Um professor terá um bom desempenho se fizer como o motorista que mantenha todos os passageiros dentro do autocarro até ao fim da viagem mesmo que eles não paguem bilhete (não tenham aproveitamento) e não queiram viajar, independentemente de saber se ele conhece o caminho, vai pelo caminho certo ou se sabe conduzir, cumprindo todas as regras de trânsito. No fim da viagem contribuirá para uma excelente estatística.
O que está em causa é a dignidade e o respeito pelos alunos e por todas as gerações futuras. Os nossos filhos e netos nunca perdoariam que os professores desistissem de lutar por um ensino digno, que aposte no conhecimento, na autonomia e na competência dos alunos de hoje, que irão garantir o êxito das gerações futuras.
Por outro lado não deixa de ser estranho que o senhor primeiro-ministro tenha declarado que os professores não são avaliados há trinta anos mas tenha atribuído um prémio à melhor professora de 2007/08. Se os professores não são avaliados como é que concluiu que há uma professora que se destaca de entre todos os milhares de professores e professoras de norte a sul do país?

sábado, 22 de novembro de 2008

Democracia/ditadura

Sobre as declarações da Dra. Manuela Ferreira Leite

Esta semana a Dra. Manuela Ferreira Leite questionou, perante as dificuldades deste governo em realizar reformas, se não seria preferível suspender a democracia por seis meses. Foi isto que eu entendi. Toda a comunicação social e o governo ficaram gravemente alarmados com estas declarações. Não sei que mal há em uma pessoa exprimir as suas ideias. Parece que estamos perante uma Comissão de Censura pronta a cortar qualquer ideia ou hipótese, meramente académica, dita de forma irónica ou não. Afinal temos ou não gente madura na política, que não se deixa impressionar por uma mera expressão de “suspensão da democracia”?

O trauma da ditadura parece que ainda perturba muitas mentes doentias, fracas e medrosas. Dá a impressão de que a ditadura lhes aparece como um papão. Um governo autoritário parece confundir um simples comentário com a acusação contra si, de ser ditador. Este autoritarismo parece mostrar a sua fragilidade, insegurança e a falta de uma verdadeira autoridade e competência nas decisões e reformas que empreende.

O governo parece ter interpretado estas declarações como se a democracia já tivesse sido suspensa, tal tem sido a sua teimosia na questão da avaliação dos professores.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A Indignação dos Professores

Contra um modelo de avaliação injusto

O modelo de avaliação dos professores proposto pelo governo tem apenas objectivos economicistas e não pretende contribuir para a qualidade do ensino porque impede os professores de realizarem, realmente o seu trabalho.
O governo quer avaliar os professores assumindo o papel do lobo perante o cordeiro que bebe água no riacho, num plano inferior ao do lobo, sendo impossível que água volte para trás e prejudique o lobo: "Se não foste tu que sujaste a água que eu bebo foi o teu pai, por isso também és culpado". Tal como o cordeiro, também os professores estarão sujeitos a qualquer castigo que o governo invente, para poupar dinheiro.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Manifestação dos professores

















A indignação dos professores
Contra este modelo de avaliação


Lamentamos ter que vir
Para a rua outra vez,
Protestar para intervir
Em favor da sensatez;

Esta grande manifestação
É a prova mais evidente
Que em matéria de avaliação
O governo engana a gente.

Este governo engana o povo,
Não engana os professores;
Quer criar um país novo
Com a ruína dos valores;

Queremos dar uma lição
E ao governo demonstrar
Que em matéria de avaliação
Não nos deixamos enganar.

O sistema de avaliação
É uma barreira burocrática,
Que só vê na educação
Economia e matemática.

Queremos justiça e coerência
No sistema de avaliação
Com critérios de excelência
Para o bem da educação.

Rejeitamos a falsidade
Dos critérios de divisão
Que colocam desigualdade
Dentro do mesmo escalão.

O padrão de titular
É injusta categoria;
Não pretende premiar
Quem tem mais sabedoria.

A ministra é repetente
Em provas de indignação
E por ser tão renitente
Aqui está segunda lição.

Vimos mostrar ao governo
Que o sistema é uma farsa;
Q'remos um país moderno
Livre de toda a trapaça.

Que nos deixem trabalhar
E cumprir nossa missão,
De educar e ensinar
Com total dedicação.

Os “profes” estão dispostos
A lutar com prontidão,
Já se nota nos seus rostos
Forte revolta e indignação.

Os “profes” vão demitir
Esta ministra da educação;
Ela tem mesmo que sair
Não há outra solução.

Sente a guarda do esquadrão
Mas não está muito segura;
Temos a força da razão,
Não a força bruta e dura.

Esta ministra é teimosa,
Não dá o braço a torcer;
Sentirá a boca amargosa,
Amanhã, quando perder.

Esta forte teimosia,
Em mudar a avaliação,
Prova só que é doentia
E perdeu toda a razão.

Se a ministra só se servisse
De um dos dedos de testa,
Talvez ela concluísse
Que não viemos para uma festa.

Os objectivos individuais
De toda a prática docente
São comuns e são iguais
De norte a sul para toda a gente.

O sucesso educativo
É objectivo fundamental,
Não de um só, em exclusivo,
Mas de todos, em geral.

Para que vamos preencher
As mil grelhas, afinal,
Se o trabalho que se fizer,
É para todos, por igual?

O patrão, em desespero,
Está perdido com a finança;
Por isso, grita: "Eu só quero
Que me livrem desta dança!"