quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Feliz Natal

Para todo o Mundo
Desejo um Feliz Natal e um Bom Ano Novo a todo o Mundo, independentemente do credo ou religião. O Salvador do Mundo não distingue "Gregos nem Troianos", acolhe todos os homens de Boa Vontade.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Anarquia no governo

Democracia?

As recentes afirmações do senhor primeiro-ministro, ao declarar que as discordâncias entre o governo e o Presidente da República são um “mero exercício de democracia”, são uma prova de completa ignorância e de incompetência. A diversidade de opiniões verifica-se entre o povo que elege o governo e o Presidente da República. Os órgãos de soberania eleitos devem cooperar e não andar em “guerra” uns com os outros. O partido que ganha as eleições deve pôr o interesse nacional acima do interesse partidário e de tudo o resto. Não me parece ser esta a intenção do chefe do governo. Quando um partido se encontra no poder e, servindo-se dessa posição dominante, faz uma espécie de chantagem perante outro órgão de soberania, desafiando-o e minando o normal funcionamento da gestão do Estado, por sua própria iniciativa, estamos perante um acto de perversidade e de usurpação de funções e uma grande falta de respeito pelo povo.

Se o senhor primeiro-ministro reconhece que a divergência incide numa questão constitucional, tendo muitos especialistas na matéria, de vários quadrantes políticos, dado razão ao senhor Presidente da República e sendo a Constituição a lei fundamental que regula todo o funcionamento da democracia e do Estado, só podemos concluir que o senhor primeiro-ministro não quer outra coisa senão criar desordem.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Que futuro?

O país “Socretino”
Hoje é frequente questionarmos o futuro (com a crise, a vida adoptou um estilo mais filosófico do que antes, apesar de este governo querer acabar com a Filosofia): Que vai ser do mundo? Qual o sentido desta vida? Tudo se desmorona, o que é que tem, realmente, valor, ou o que é que vale a pena fazer? Se tudo está a fechar as portas, (fábricas, comércio, bancos) o que é que toda esta gente desempregada vai fazer no futuro? Tudo o que fizemos até agora estava errado? Como vamos viver com a crise?
Outra pergunta que muita gente coloca é: qual o futuro deste país, com este governo? Que projecto tem este governo para o país? Sem dinheiro e sem recursos, sem valores materiais e sem valores morais que futuro vamos ter?
O governo tem procurado cortar nas despesas em tudo o que pode. Essa é a ideia força de todo o seu modelo de avaliação dos professores: poupar dinheiro. Mesmo que os professores ganhassem pouco mais do que o ordenado mínimo nacional, parece que esta despesa, para este governo, deveria ser evitada, por ser desnecessária.
Os alunos já têm o “Magalhães” para que são precisos os professores? Se os alunos passarem a “mandar os seus exames por fax” ou por correio electrónico, bastará que os serviços administrativos registem a nota, já tida como certa e lhe dêem o diploma.
Por outro lado, a fertilidade humana que deveria assegurar a continuidade da vida e a existência de novas gerações não está garantida, mas ameaçada pela lei do aborto, aprovada por este governo e o senhor primeiro-ministro afirma que as leis são para cumprir. Se esta lei for universalmente cumprida, a sexualidade será um mero fim em si mesmo, pura luxúria, que não assegura o futuro e a continuidade da espécie e assim todas as escolas ficarão vazias. Para que serão precisos os professores?
A nova lei do divórcio, cozinhada por este governo, vem completar o cenário do futuro Portugal “Socretino”. Mesmo que alguma criança resista a todas estas leis contrárias à vida e, mais uma vez, se esta lei for cumprida a cem por cento, os pais acabarão por colocá-las em colégios ou noutro tipo de casas para acolhimento de crianças em risco (sem lar). Os pais, que se divorciaram porque não se podia “parar a sua liberdade”, irão admitir que sejam os filhos a barrar-lhes o seu caminho?
Em conclusão, o futuro que nos espera é um país de: 1.º “bordéis”, casas de prostituição e de outras que tais; 2.º clínicas de aborto (os hospitais, basta um ou dois, só servirão para aplicar a eutanásia aos inúteis e aos desgraçados que já nem ao “bordel” podem ir). 3.º “Casas pia”, de norte a sul, para todas as crianças abandonadas.

sábado, 13 de dezembro de 2008

A Bancarrota

A crise, a ignorância e o caos…

Há já alguns dias, o senhor Primeiro Ministro e o senhor Ministro das Finanças sossegavam toda a gente de que a crise não iria atingir o nosso país porque temos uma economia capaz de resistir à crise. Uns dias depois ouvimos o chefe do governo dizer que o próximo ano vai ser favorável porque a gasolina, os juros e as prestações da casa estão a descer, mas no dia seguinte o mesmo chefe do governo afirmou que o próximo ano vai ser difícil e que temos de estar preparados. Até o governador do Banco de Portugal veio afirmar que o país pode entrar em recessão técnica ainda durante este ano e que virão dias difíceis no próximo ano. A culpa da crise é de fora, ninguém cá dentro tem responsabilidades, dizem.

A par de tudo isto vemos o senhor Primeiro Ministro lançar obras e mais obras apregoando o investimento público como forma de enfrentar a crise. Com que dinheiro irá ele pagar todas estas obras se só o Ministério da Saúde tem uma dívida de 908 milhões de euros, segundo informações dos últimos dias?

Enquanto isso muitas empresas esperam pelo dinheiro que o Estado lhes deve e muitas outras, devido às dívidas acumuladas, acabam por falir. Com fábricas a fechar, o desemprego a aumentar e o povo sem dinheiro, para quê novas estradas? Para que os ladrões fujam mais depressa com o dinheiro que ainda resta nos bancos, nas caixas registadoras das bombas de gasolina e o resto do ouro das ourivesarias?

Para quê subsidiar o sector automóvel, se não há dinheiro para comprar carros?

Para quê construir ou reconstruir escolas, se a população escolar está a diminuir e o Estado não tem dinheiro para pagar dignamente aos professores? Para educar as crianças que não nascem porque são sepultadas na barriga das mães com o aborto?

Será que este governo quer criar um país fantasma com boas estradas, auto-estradas e todo o tipo de infra-estruturas sem poderem servir para nada?

Como é que um país super endividado, com o povo, totalmente, asfixiado com impostos poderá pagar ainda mais dívidas? Se uma família estiver com dívidas até aos cabelos, sem recursos e sem expectativas de poder pagar, a solução é endividar-se ainda mais? Bem se vê que quem governa está completamente desnorteado devido a políticas erradas e perniciosas, sem saber o que fazer e por isso a solução é arruinar o país até ao fundo e depois apresentar-se como vítima da crise internacional e, ingenuamente, fechar a porta da desresponsabilização, como já é tradição neste país.

É urgente uma nova “Lei das Sesmarias”, um novo “Mestre de Avis”, um novo “D. João IV” ou um novo “Marquês de Pombal” que reconstrua este país, não de um abalo sísmico ou terramoto, mas de um caos político, moral e social.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Avaliação dos professores

Problemas de avaliação

Refere o Regulamento Interno de qualquer escola que os intervenientes no processo educativo abrangem uma série de protagonistas tais como: professores e pessoal não docente, pais e encarregados de educação e as respectivas associações, as organizações económicas, culturais e científicas da região e, claro, os próprios alunos.

Por outro lado, sabemos que existe a chamada escola paralela (os meios de comunicação social, o poder político e toda a comunidade envolvente com hábitos, costumes e padrões de comportamento) que intervém, fortemente, na vida particular dos alunos, funcionando como agente educativo de grande importância.


De entre todos estes intervenientes na educação e no ensino haverá, com certeza, uns mais importantes do que outros.
Vamos referir, apenas, alguns: Os pais e encarregados de educação. Toda a gente sabe que o ambiente familiar exerce uma forte influência no comportamento e aproveitamento de qualquer aluno: o nível de escolaridade dos pais, o nível económico, a harmonia e a estabilidade entre o pai e a mãe, etc. Assim, as dificuldades económicas, a falta de afectividade, a falta de apoio, a ausência, por divórcio ou separação, do pai ou da mãe produzem um efeito extremamente negativo no desempenho escolar de qualquer criança ou adolescente. Não é preciso consultar psicólogos ou sociólogos para chegar a estas conclusões.
O número dois do Artigo 11.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2008 de 10 de Janeiro, documento que regula a avaliação do desempenho dos professores afirma textualmente o seguinte: “O docente tem direito a que lhe sejam garantidos os meios e condições necessários ao seu desempenho, em harmonia com os objectivos que tenha acordado”.
Toda a gente compreende que os meios de comunicação social, principalmente a televisão e a internet exercem uma grande influência no comportamento dos alunos. Eles entram pela casa dentro com meios muito mais poderosos do que os da Escola. Que recursos tem um professor para competir com a força persuasiva da televisão?
Ora, se um professor for excelente em toda a sua competência como é que pode ter êxito no seu trabalho e desempenho profissional se tiver condições viciadas à partida? Como é que o Ministério da Educação pode atirar toda a responsabilidade do sucesso educativo dos alunos para cima dos professores se o seu trabalho é, em grande parte, destruído ou anulado pela acção de todos os outros intervenientes?

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Política Providência

Apoio ao sector automóvel

Não deixa de ser curioso que, perante a crise geral que devasta o mundo e que radica fundamentalmente em problemas morais e éticos (fraudes, corrupção, gestão danosa, etc.) visto que nunca a humanidade criou tantos meios técnicos como hoje que facilitam o trabalho, no mundo industrializado ninguém anda em carros de bois, por isso o mal não está nas estradas, nos carros nas fábricas mas sim nas pessoas, perante esta crise, digo, o governo apoia o sector automóvel. Porque é que não apoia outros ramos da economia? A resposta é muito simples: o automóvel é a galinha dos ovos de oiro do governo. Por isso tem que ser protegido.

O sector do calçado ou dos têxteis não merece, também, apoio? Os sapatos não gastam gasolina que dá muitos impostos, as calças e as saias ainda não pagam IA, não vão à inspecção obrigatória e as pessoas não são multadas se andarem rotas ou com as calças fora de moda. Estes sectores não precisam de ser protegidos.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Avaliação dos professores?

“Gato por lebre”

“Vender gato por lebre” é uma expressão popular que toda a gente conhece e que se pode aplicar nas mais diversas situações. Os professores não podem permitir que o governo queira “vender gato por lebre” na questão da avaliação dos professores. As cedências anunciadas pelo Ministério da Educação não são mais do que operações de cosmética temporária para iludir a opinião pública, para que esta se revolte contra a justa luta dos professores. Ao anunciar que a avaliação irá incidir apenas sobre a organização da escola deixando como facultativa a componente científica e pedagógica significa que se exige, fundamentalmente, aos professores que façam o que faz um pastor que mantém todas ovelhas em ordem, no redil, sem esquecer as que, frequentemente, andam tresmalhadas. O que interessa é combater a indisciplina, de ano para ano mais insuportável, colocando em segundo lugar a aprendizagem.
Um professor terá um bom desempenho se fizer como o motorista que mantenha todos os passageiros dentro do autocarro até ao fim da viagem mesmo que eles não paguem bilhete (não tenham aproveitamento) e não queiram viajar, independentemente de saber se ele conhece o caminho, vai pelo caminho certo ou se sabe conduzir, cumprindo todas as regras de trânsito. No fim da viagem contribuirá para uma excelente estatística.
O que está em causa é a dignidade e o respeito pelos alunos e por todas as gerações futuras. Os nossos filhos e netos nunca perdoariam que os professores desistissem de lutar por um ensino digno, que aposte no conhecimento, na autonomia e na competência dos alunos de hoje, que irão garantir o êxito das gerações futuras.
Por outro lado não deixa de ser estranho que o senhor primeiro-ministro tenha declarado que os professores não são avaliados há trinta anos mas tenha atribuído um prémio à melhor professora de 2007/08. Se os professores não são avaliados como é que concluiu que há uma professora que se destaca de entre todos os milhares de professores e professoras de norte a sul do país?

sábado, 22 de novembro de 2008

Democracia/ditadura

Sobre as declarações da Dra. Manuela Ferreira Leite

Esta semana a Dra. Manuela Ferreira Leite questionou, perante as dificuldades deste governo em realizar reformas, se não seria preferível suspender a democracia por seis meses. Foi isto que eu entendi. Toda a comunicação social e o governo ficaram gravemente alarmados com estas declarações. Não sei que mal há em uma pessoa exprimir as suas ideias. Parece que estamos perante uma Comissão de Censura pronta a cortar qualquer ideia ou hipótese, meramente académica, dita de forma irónica ou não. Afinal temos ou não gente madura na política, que não se deixa impressionar por uma mera expressão de “suspensão da democracia”?

O trauma da ditadura parece que ainda perturba muitas mentes doentias, fracas e medrosas. Dá a impressão de que a ditadura lhes aparece como um papão. Um governo autoritário parece confundir um simples comentário com a acusação contra si, de ser ditador. Este autoritarismo parece mostrar a sua fragilidade, insegurança e a falta de uma verdadeira autoridade e competência nas decisões e reformas que empreende.

O governo parece ter interpretado estas declarações como se a democracia já tivesse sido suspensa, tal tem sido a sua teimosia na questão da avaliação dos professores.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A Indignação dos Professores

Contra um modelo de avaliação injusto

O modelo de avaliação dos professores proposto pelo governo tem apenas objectivos economicistas e não pretende contribuir para a qualidade do ensino porque impede os professores de realizarem, realmente o seu trabalho.
O governo quer avaliar os professores assumindo o papel do lobo perante o cordeiro que bebe água no riacho, num plano inferior ao do lobo, sendo impossível que água volte para trás e prejudique o lobo: "Se não foste tu que sujaste a água que eu bebo foi o teu pai, por isso também és culpado". Tal como o cordeiro, também os professores estarão sujeitos a qualquer castigo que o governo invente, para poupar dinheiro.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Manifestação dos professores

















A indignação dos professores
Contra este modelo de avaliação


Lamentamos ter que vir
Para a rua outra vez,
Protestar para intervir
Em favor da sensatez;

Esta grande manifestação
É a prova mais evidente
Que em matéria de avaliação
O governo engana a gente.

Este governo engana o povo,
Não engana os professores;
Quer criar um país novo
Com a ruína dos valores;

Queremos dar uma lição
E ao governo demonstrar
Que em matéria de avaliação
Não nos deixamos enganar.

O sistema de avaliação
É uma barreira burocrática,
Que só vê na educação
Economia e matemática.

Queremos justiça e coerência
No sistema de avaliação
Com critérios de excelência
Para o bem da educação.

Rejeitamos a falsidade
Dos critérios de divisão
Que colocam desigualdade
Dentro do mesmo escalão.

O padrão de titular
É injusta categoria;
Não pretende premiar
Quem tem mais sabedoria.

A ministra é repetente
Em provas de indignação
E por ser tão renitente
Aqui está segunda lição.

Vimos mostrar ao governo
Que o sistema é uma farsa;
Q'remos um país moderno
Livre de toda a trapaça.

Que nos deixem trabalhar
E cumprir nossa missão,
De educar e ensinar
Com total dedicação.

Os “profes” estão dispostos
A lutar com prontidão,
Já se nota nos seus rostos
Forte revolta e indignação.

Os “profes” vão demitir
Esta ministra da educação;
Ela tem mesmo que sair
Não há outra solução.

Sente a guarda do esquadrão
Mas não está muito segura;
Temos a força da razão,
Não a força bruta e dura.

Esta ministra é teimosa,
Não dá o braço a torcer;
Sentirá a boca amargosa,
Amanhã, quando perder.

Esta forte teimosia,
Em mudar a avaliação,
Prova só que é doentia
E perdeu toda a razão.

Se a ministra só se servisse
De um dos dedos de testa,
Talvez ela concluísse
Que não viemos para uma festa.

Os objectivos individuais
De toda a prática docente
São comuns e são iguais
De norte a sul para toda a gente.

O sucesso educativo
É objectivo fundamental,
Não de um só, em exclusivo,
Mas de todos, em geral.

Para que vamos preencher
As mil grelhas, afinal,
Se o trabalho que se fizer,
É para todos, por igual?

O patrão, em desespero,
Está perdido com a finança;
Por isso, grita: "Eu só quero
Que me livrem desta dança!"


domingo, 10 de agosto de 2008

Regiões

Pias Longas
Sobral

Nossa Senhora das Misericórdias
Ourém.

Vídeo relativo ao 12.º Encontro "Pias Longas Aero Club" realizado em 27 de Julho de 2008.
Pias Longas tem condições para um possível "AERÓDROMO REGIONAL DE FÁTIMA"
  • Eis algumas vantagens:
  • Excelente localização estratégica;
  • Acesso fácil e rápido a Fátima;
  • Não perturba a cidade Santuário com o ruído;
  • Possibilidade de fácil ampliação.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Calçada de letras VII



- Ó Diogo, tu sabes o que é que quer dizer progressista?

- Progressista é aquele que quer progredir. Porque é que perguntas isso, Nuno?

- Nada, não é por nada. Acho que toda a gente gosta de progredir.

- Eu quero e por isso a minha ideia é ir outra vez para a escola, quero saber mais, para ver se deixo esta vida.

- Mas agora diz-se que ser progressista é casarem-se homens com homens e mulheres com mulheres. Não ouviste dizer isso?

- Não é bem assim, Nuno. Ser progressista é deixar que todos sejam livres para fazerem aquilo que quiserem.

- Achas bem um homem casar-se com outro homem? Que porcos!

- Eu não acho bem, Nuno, mas ninguém tem nada com isso.

- Ninguém tem nada com isso? Estás parvo, Diogo. Então se tu endoideceres, te atirares da varanda e partires os ossos, não devo preocupar-me contigo?!

- Ó Nuno, hoje todos devemos ser livres de fazer o que quisermos, já não é como antigamente.

- Olha, já viste alguma animal acasalar com outro do mesmo sexo? Nem os carneiros ou os bodes fazem coisas dessas!

- Mas nós não somos como carneiros. Sabes o que é andar em carneirada?

- Sei muito bem. Mas parece-me que quem anda em carneirada são esses que acham que um homem pode casar com outro como se fosse tudo normal.

- Ser normal ou não ser, nós é que mandamos. Estamos acima dos outros animais, temos cultura.

- A cultura não pode ser contra a natureza, Diogo. Quando há dois carneiros num rebanho põem-se logo à "cornada".

- Queres que os homens se ponham também à cornada, uns com os outros, Nuno?

- Sabes o que te digo? Afinal, a diferença não é muito grande: os carneiros dão "cornadas" antes de se juntarem às ovelhas para acasalar. Quando lês um jornal não faltam notícias de violência doméstica, agressões, mortes, ciúmes e por aí adiante. Parece-me que muita gente acasala primeiro e as "cornadas" vêm depois.

- Essa agora teve piada!

- E dizes que somos mais do que os animais, que temos cultura!

domingo, 30 de março de 2008

Calçada de Letras VI


Calçada de letras

VI


- Já não posso ver pedras nem calçadas, Nuno. Que maçada! É todos os dias a mesma coisa!
- Para onde queres ir, Diogo? O que é que queres fazer? Contenta-te com o trabalho que tens. Há muita gente por aí pior do que tu!
- Passo a vida aqui, de castigo, colado ao chão, Nuno!
- Deixa-te de lérias! Olha lá, quando é que vamos arranjar a calçada da Escola secundária?
- Não sei, talvez nas férias do Verão. Mandaram-me uma carta a explicar que a calçada não é muito urgente e que vai ser adiada.
- Olha! Ali vem outra vez o tio Chico.
- Boa tarde, passou bem?
- Menos mal, Deus te abençoe. Boa tarde para vocês também.
- Parece-me que hoje não vem com boa cara. O que é que aconteceu?
- Fui chamado outra vez à Escola, O Ricardo não tem emenda…
- O que foi, desta vez?
- Foi expulso de uma aula. Andou aos saltos em cima das mesas, partiu uma cadeira e atirou com um livro à cabeça de uma colega.
- Estás a ver, Diogo? O que é que ele anda a fazer na Escola? Ponha-o a trabalhar, tio Chico. Aperte com ele!
- Ó tio Chico, castigue-o mas dê-lhe mais uma oportunidade. Isto são fases…
- Nem sei o que hei-de fazer, Diogo. A Directora de Turma propôs que eu o obrigasse a fazer um juramento e a fazer, todos os dias, os trabalhos de casa.
- Um juramento? Que juramento?
- Tenho aqui uma proposta para eu ver e acrescentar mais alguma coisa, se quiser. Ó Diogo, não me queres dar uma ideia?
- Posso ver? Então, cá está: “Juramento do aluno Ricardo Redondo
Eu, Ricardo Marques Lopes Redondo, aluno da Escola Secundária da Ortiga:
Juro e prometo ler e cumprir o Regulamento Interno, no que diz respeito aos direitos e deveres dos alunos;
Juro que respeitarei todos os meus colegas, professores e demais pessoas que trabalham neste espaço;
Juro que me vou comportar sempre bem, quer nas aulas, quer nos espaços de convívio com os colegas;
Juro que me vou dedicar e empenhar no estudo e nas actividades das aulas;
Juro que me vou esforçar para que nunca possa ser acusado, por nenhum dos meus colegas, de os ter prejudicado no seu aproveitamento escolar;
Faço este juramento de livre vontade porque quero contribuir para a minha formação pessoal, cultural e humana e quero ajudar os outros em tudo o que for possível.”
Ó tio Chico, se conseguir que o Ricardo cumpra este juramento, vai ser um descanso.
- Não me dás mais uma ideia para eu pôr aí?
- Acho que está bem assim, tio Chico. E a ti, que te parece, Nuno?
- Tanto faz pôr como tirar, vai dar tudo na mesma. É só uma perda de tempo…

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Calçada de letras


Calçada de letras

V

- Ó tio Chico, estou a ver que você tem que por o Ricardo na linha!

- Se continuar na brincadeira e a fazer-me perder tempo ponho-o a trabalhar ao pé de mim, na carpintaria, que é um mimo!

- Isso não, tio Chico. Aperte-lhe os calos, encoste-o à parede. Pode ser que ele ganhe juízo.

- É isso mesmo, tio Chico. Obrigue-o a trabalhar. Ele precisa de saber o que custa a vida!

- Estás maluco, Nuno? Achas bem tirá-lo da escola?

- Então lê o resto da carta. Tu é que até vais ficar maluco…

- E leio:

“Declaração

Eu, Ricardo Redondo, declaro que:

Muitas vezes faço da sala de aula um espaço para brincar e conversar e não dou atenção ao que os professores dizem;

Interrompo as aulas com comentários despropositados e com assuntos que não estão relacionados com as aulas;

Me levanto sem pedir autorização aos professores e ponho papéis no caixote do lixo quando me apetece;

Muitas vezes atiro com objectos aos meus colegas só por brincadeira;

A maior parte das vezes não sou pontual e não me preocupo em evitar essas situações, o que perturba a aula quando entro na sala;

Nem sempre faço os trabalhos de casa nem trago o material necessário para as aulas;

Não sei comportar-me numa sala de aula de modo a não perturbar o trabalho dos meus colegas e dos professores e por isso sou como uma maçã podre que apodrece todas as outras;

Sei que o meu comportamento me prejudica não só a mim, mas também os meus colegas que querem estar atentos e desejam aprender;

Sei que sou responsável pelo meu comportamento e se não me porto bem a culpa é toda minha, porque se eu quiser posso portar-me bem;

Sei que, um dia, posso vir a ser responsabilizado por alguns ou por todos os meus colegas que se sentiram prejudicados nos seus estudos porque não os deixei aprender;

Em conclusão, declaro que apesar de ter 16 anos, não sei portar-me melhor do que um miúdo de dez anos, declaro que assumo todas as responsabilidades pelo meu comportamento e pelo meu aproveitamento e declaro, ainda, que aceito todos os castigos que a comunidade escolar me impuser em consequência do meu mau comportamento.

Escola Secundária da Ortiga, 8 de Janeiro de 2008”

- Estás a ver, Diogo, um aluno estroina é pior do que um fumador que empesta toda a Escola. Se proibiram de fumar, acho bem que proíbam todos os valdevinos de estorvar os que querem estudar.

- E tu, quando andavas na Escola, fazias melhor, Nuno?

- Foi por isso que não pus lá mais os pés. Mas nessa altura os professores deixavam que a canalha fizesse tudo o que lhe apetecia, eles não tinham autoridade nenhuma!…

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Calçada de letras


Calçada de letras

IV

- Nuno, para a semana vamos arranjar a calçada da Escola Secundária da Ortiga. Vou pedir informações sobre as matrículas.

- As aulas já começaram há muito tempo e o mais certo é não ires a tempo.

- Penso que ainda vou a tempo. Olha lá! Que história é essa que me contaste ontem, que os alunos não estudam e passam a vida a brincar nas aulas?

- O meu primo Ricardo estava com medo de mostrar a carta da Directora de Turma e pediu-me que a entregasse ao pai.

- Tu leste a carta, Nuno?

- Não. Mas ele mostrou-ma depois.

- E o que dizia?

- Não te sei dizer tudo, de cor, só algumas coisas. Olha, vem ali o tio Chico Redondo, ele conta-te tudo.

- Boa tarde, tio Chico. Hoje não trabalha?

- Boa tarde, Diogo. Trabalho, mas tive que ir à escola tratar dum assunto. O Nuno já sabe o que se passa.

- Então há problemas!...

- Parece que sim. Toma, se quiseres podes ver. Ficas a saber… Um dia pode ser contigo.

- Espero que não. Mas é bom estar preparado.

“Ex. Mo Senhor,

Serve a presente para informar V. Exa. de que o seu educando nem sempre observa as normas mais elementares de convivência e de respeito para com os colegas e professores, na sala de aula, impedindo, por vezes, o normal funcionamento das aulas e nem sempre é pontual. Alguns professores afirmam que não traz o caderno diário em dia, nem sempre faz os trabalhos de casa e não participa no trabalho das aulas o que prejudica gravemente o seu aproveitamento. Todos os professores se têm esforçado e empenhado o mais possível para alterar esta situação desagradável e prejudicial, não só para ele mas também para todos os alunos da turma. Sendo o senhor, encarregado de educação, igualmente responsável pelo sucesso escolar do seu filho, solicito o maior empenhamento da sua parte para que possamos melhorar o seu comportamento e aproveitamento. Compareça na Escola logo que lhe seja possível.

A Directora de Turma”

- Ó tio Chico, o rapaz anda a portar-se mesmo mal!

- Ainda não acabou. Está aí outra folha com uma declaração para eu assinar se ele não se emendar.

- Declaração?

- Sim.

- Ah! Estou a ver.