Este regime
de falsa democracia, em que vivemos, vai ser posto à prova e entrar em colapso,
num futuro próximo em que se prevê uma quase total paralisação do país devido à
pandemia do covid-19, a este estado de emergência, agora decretado, e aos que se
seguirem.
Se o estado
de emergência é para prevenir a calamidade pública que o vírus poderá provocar,
certo é que há já muito tempo que estamos em estado de calamidade devido à
gestão ruinosa da “res publica” que nos levou a várias bancarrotas, falências
de bancos e de empresas, dívida pública monstruosa e à emigração em massa de uma
faixa etária qualificada da população que deveria cá estar para assegurar o
futuro. A calamidade da pandemia junta-se à calamidade de um país em destroços,
transformado num asilo, às portas da morte, cada vez mais despovoado e
abandonado onde quem ainda resiste sobrevive miseravelmente.
1. A
macrocefalia do Estado é um dos enormes problemas que se irá fazer sentir.
Temos uma classe dirigente megalómana em número, em despesa, em ignorância e em
irresponsabilidade. O país, do ponto de vista político e económico, é uma casa
portuguesa, pobre, sempre em obras, onde os inquilinos passam fome, frio e
chuva, enquanto os gestores e engenheiros (políticos), às centenas, recebem
remunerações milionárias e deixam a casa cada vez mais pobre e a desmoronar-se.
Qual é o doido que contrata gestores desta natureza para a sua própria casa?
O governo é
uma massa disforme de gente que só consome recursos. Há ministros aos montes
cujas competências se sobrepõem e aparecem aos pares para falar sobre um
problema qualquer, secretários e assessores que se estorvam uns aos outros e
que não resolvem nada. E quem manda, afinal, é Bruxelas. Um país tão pequeno
precisa de tanta gente no governo? E ainda querem a regionalização? Esta
megalomania só tem sido possível graças a uma enorme carga de impostos que
asfixia quem trabalha, quem produz e quem sustenta esta multidão de parasitas,
uns ainda no activo e muitos outros na reforma. Se a máquina produtiva deixar
de funcionar, como está a acontecer, será o colapso.
2. Outro
grande problema desta falsa democracia é a ausência de poder e de autoridade. Quem
detém a autoridade? Onde está o poder? Todos mandam e ninguém manda e o país anda
sempre adiado e a reboque dos acontecimentos. Não há um poder firme, decidido e
eficaz que resolva ou previna os problemas. É um poder diluído em águas turvas.
Foi assim com a rapina dos bancos, com a catástrofe dos incêndios e com muitos
outros casos de grande impacto negativo, como obras públicas que nunca saíram
do papel mas custaram milhões.
Morreram dezenas
de pessoas nos incêndios, identificaram-se várias causas e desculpas e não
houve culpados. Se a pandemia ocorresse só em Portugal, o governo iria agir da
mesma forma. Nos incêndios, o governo deixou arder e morrer, sem fazer nada. Teria
sido mais fácil impor uma quarentena para circunscrever o “vírus” dos incêndios
do que o do coronavírus. Mas como a pandemia veio de fora, o governo limitou-se,
agora, a copiar o que os outros fizeram para não parecer mal. Mesmo assim,
muita gente morrerá por falta de recursos num SNS em ruína, apesar de,
teoricamente, ser um dos melhores do mundo.
3. Outro
grande problema deste regime e deste governo é que esta classe política
reinante, um pouco por todo mundo ocidental, vive como se nunca adoecesse e
morresse. Faz uma política de vacas gordas, mas só para benefício próprio. O povo,
pelo contrário, vive sempre em tempo de vacas magras. Por isso este regime e
este governo não estão preparados para enfrentar calamidades desta natureza. Todo
o mundo ocidental tem prometido democracia e igualdade mas nunca tivemos uma
sociedade tão desigual, tão conflituosa e tão descontente (greves,
manifestações, coletes amarelos, etc.). Costuma dizer-se que há males que vêm
por bem e o positivo desta pandemia é a tomada de consciência da real igualdade
entre todos, perante este inimigo invisível. O covid-19 ataca ricos e pobres
sem discriminação e obriga todos à clausura. Não se justifica que um grande
gestor ganhe, por mês, mais do que o que o resto do povo recebe num ou dois
anos de trabalho. Nenhum gestor tem poder para escapar à epidemia. O que lhe
vale o dinheiro?
A capacidade
de produção de riqueza é, hoje, muito superior à de um passado recente. Por que
razão se mantêm tantas e tão grandes diferenças salariais? Para onde tem ido a
riqueza produzida e acumulada? É tempo de as grandes fortunas acumuladas de
forma imoral e fraudulenta, em offshore clandestinos, ao longo de anos, à
revelia das leis e da deontologia, voltarem, agora, às contas bancárias de
milhares de clientes que ficaram sem os seus depósitos, sem as suas reformas, sem
as suas economias de uma vida de trabalho mesmo depois dos bancos obrigarem
toda a gente a pagar taxas e taxinhas para sobreviver.
É tempo de
acabar com remunerações milionárias dos gestores de empresas públicas e
privadas porque o mundo é de todos e a pandemia é universal.
4. O grande
problema de fundo é a globalização da economia numa Europa sem rumo, que se
desviou dos princípios originários e que controla a economia em função dos
interesses de alguns estados membros dominantes. Muitas actividades económicas
foram encerradas em Portugal. Por que razão não se dá apoio à agricultura de
minifúndio, à pecuária e a muitas outras actividades da economia doméstica? É preferível
termos os campos abandonados e o interior despovoado?
O mundo
nunca mais será como dantes. A pandemia obriga-nos a voltar à realidade. Não
podemos continuar a acreditar numa economia suportada e gerida por mercados
bolsistas virtuais que também sucumbem à pandemia e em políticos irresponsáveis
e incompetentes. O colapso está iminente.